quarta-feira, 9 de setembro de 2009

De vez em quando

(Essa é uma daquelas histórias que a gente lê em um livro e fica se imaginando no lugar. E talvez por isso goste tanto de ter escrito ela. Porque já que eu me imaginei primeiro, de alguma forma, eu me encaixo melhor nela. Mas fiquem à vontade para se imaginar. Eu jamais reprimiria isso! )

Maria aos doze anos não parecia nem um pouco ter essa idade e sabia muito bem. Ela gostava de fingir que era mais velha e quase sempre convencia. Mas dessa vez ela não fingiu, disse a verdade. Mas Felipe estava encantado pela menina dez anos mais nova que estava se exibindo na piscina do condomínio. A aproximação foi fácil. Ela era uma daquelas que esta sempre seduzindo, então, não perdia a chance de fazer uma amizade masculina.
Conversa vai, um mergulho, conversa vem, outro mergulho.
De repente Felipe não aguentou:
_ Me dá um beijo?
Ela ficou sem graça e saiu dizendo que precisava tomar banho para sair. Mas a verdade é que Maria não sabia lidar com isso. Afinal, ela só tinha doze anos.
Ela conversou com suas amigas, com sua mãe e resolveu que iria arriscar. Ele não era o cara dos sonhos, mas era bacana e a fazia rir.
Mais tarde se encontraram e simplesmente beijaram. O beijo foi legal, a noite foi legal. E bem, ela tinha se divertido. E era só isso. Ela até pensou se ele ligaria mas isso logo passou já que eram férias e ela queria mais era curtir.
Bem, ele ligou. E ela achou um saco! O que um velho ia querer com ela? O que eles tinham em comum? Chega! Ela não queria mais pensar.
As férias acabaram e eles se esbarraram na rua.
Foi meio constrangedor , meio sem graça, meio sem assunto.
Mas eles sempre se esbarravam e mantinham contato esporádico pelo mundo internético e Maria não perdia a oportunidade de seduzir mesmo sem querer, mesmo só por seduzir e as vezes mesmo porque queria, porque precisava encontrar com ele e dar um beijo para se sentir desejada.
E eles se encontravam as vezes para um papo, um beijo, muitos beijos. Com isso Maria foi tendo treze, quatorze, quinze e ele sempre de vez em quando era o cara que ela queria por perto.
Eles tiveram suas vidas paralelas a eles. Parecia que quando se viam estavam em outro lugar, em um lugar em que só existiam eles, onde não pensavam em mais nada, mas conversavam sobre tudo, com isso, eles foram se conhecendo e se descobrindo, de vez em quando.
Com o tempo, o de vez em quando virou quase nunca. Felipe se mudou e eles se viam quase sem tempo para eles. Mas sentiam saudades.
Um dia Felipe disse, assim como quem conta uma notícia comum, que voltou. Mas Maria parecia estar mais envolvida com o paralelo e não viu a importância que tinha essa notícia. Mesmo assim quis rever o antigo de vez em quando.
Ele estava diferente, ou era ela. A verdade é que os dois tinham mudado e nem se deram conta disso de primeira. Ela não tinha mais doze ou quinze anos e ele já estava bem cansado de toda história comum.
O beijo era diferente, a noite foi diferente.
Ela estava confusa. Há oito anos beijava um cara e agora seu coração estava pulando a cada beijo e cada troca de olhares. Maria explodia de vontade dele e deixou bem claro o que queria.
Felipe parecia conhecer cada pedacinho do corpo dela, cada toque parecia dar choque e cada beijo entorpecia. Ele a beijou inteira com um cuidado e uma vontade indescritível. Eles sentiram tudo ao mesmo tempo.
Ela então teve o melhor orgasmo da sua vida. Um turbilhão de sentimentos, uma vontade de chorar, gritar, abraçar, rir, sorrir, gargalhar. E depois o segundo melhor e depois o terceiro melhor e se eles tivessem ficado ali para sempre ela teria tido infinitos. E mesmo os momentos de explosão tendo sido tão perfeitos, eles pararam e se olharam em silêncio por alguns minutos e ali, de alguma forma, algo mudou para Maria.
Ela foi para casa pensando e sentindo que estava flutuando. Maria não sabia o que estava acontecendo com ela, ou sabia, e não queria admitir. Ninguém gosta de assumir que está apaixonado sabendo que não é correspondido. E de fato não era. Não a paixão.
Ela resolveu assumir, estava apaixonada. Mas isso nunca foi uma coisa ruim, afinal, ela acabara de descobrir como era sexo com paixão. Só sabia que não valia a pena correr atrás dele. Então, de vez em quando eles se encontram e ela sente tudo de novo, fica feliz e no resto do tempo continua vivendo o paralelo.

(Não quis que tivesse um fim. Assim a gente pode se colocar na história só de passagem e sair dela como se nada tivesse acontecido.)

3 comentários:

  1. Seus textos demonstram uma evolução e maturidade muito bons. Espero que você acredite e confie nessa vocação e continue investindo na criação de "estórias" cada vez mais consistentes e que podem perfeitamente originar o enrêdo de uma excelente peça. Seu admirador mais apixonado

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  2. Lindona!

    Muito legal a história de Maria! E há tantas realmente por aí, não?

    Diversão garantida esse blog!

    Beijaço

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  3. conheço a maria e felipe? sei lá, devo ter cruzado com eles uma ou duas vezes...rsrs

    coisa engraçada essa coisa chamada vida né?

    essa definitivamente é a melhor!!!!

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