Ele podia ter sido o meu primeiro grande amor, mas não foi.
Podia ter me ligado algumas vezes que eu tinha perdoado qualquer coisa, mas ele não ligou.
Ele devia ter percebido que eu estava só esperando por ele. Mas sabe? Ele não percebeu.
Eu preciso de mais e só por isso dei sempre o meu máximo. Não que ele não tenha tirado meu fôlego, ele tirou e não foram poucas vezes. Mas eu queria perder o chão, perder a razão e não pensar em nada para não fugir antes de me comprometer.
Sei lá... a gente nunca quer cobrar, né? Mas é por isso que eu to aqui....
Ei você! Você mesmo que não se deu conta do que perdeu. Você que não sabe até agora que corre o risco de nunca mais me beijar. EU SÓ PRECISAVA QUE VOCÊ FALASSE.
Ai... essa maldita falta de comunicação. A gente não diz porque tem medo e não pergunta porque é cobrança. E como a gente conversa então?
Não me importa se você já tem outra, se ela tem a bunda maior ou um nariz mais perfeito. Eu não quero competir com ninguém. Aliás, ela já deve ter passado por isso, ou vai passar. Mas de uma coisa, você pode ter certeza... ela não vai te fazer rir como eu fiz. Definitivamente meu senso de humor é minha melhor qualidade e você sabe muito bem disso.
Sabe de mais uma coisa? Você vai quebrar a perna! Nossa, acho que isso foi muito cruel. Não...já sei, melhor que isso! VOCÊ NUNCA VAI ME ESQUECER!!! E olha que praga em caps lock pega com certeza.
Eu não posso prever o futuro, mas desejo muito que daqui a alguns meses eu te encontre... três quilos mais magra, com um vestido lindo, acompanhada do meu NAMORADO, coisa que não vai ser difícil arrumar, afinal, eu sou linda! E você vai estar um dos seus tênis pretos, uma roupa qualquer e uma olheira gigante, o que obviamente não vai conseguir te fazer ficar feio, mas pelo menos vai me fazer desviar os olhos do seu corpo lindo e da sua boca deliciosa.
Enfim, que fique claro... EU TE SUPEREI.
terça-feira, 22 de junho de 2010
sexta-feira, 19 de março de 2010
Aos meus pais
Não sei se alguém pode me entender, mas eu cheguei a uma fase em que tenho certeza de que tenho os melhores pais do mundo. Passamos por muitas coisas juntos, eles me causaram alguns danos, eu causei outros tantos e nós fomos nos acolhendo a cada lágrima e sorriso, cada situação difícil superada, que não foram poucas.
Minha mãe sempre foi minha única e grande melhor amiga, a única que eu nunca iria dizer, "não quero mais ser sua amiga", estamos unidas para sempre. Uma acolhendo a outra, ajudando e defendendo com unhas e dentes, passando por cima do que for preciso para saber que estamos bem. Minha parceira.
Meu pai é o meu herói. E foi muito difícil descobrir que o herói também é um homem, que ele também erra, que ele tem seus defeitos. Mas isso só nos tornou mais próximos, já que eu sempre fui a erradinha. Só assim pude quebrar o gelo do senhor incrível e me sentir cada vez mais a menininha dele. Meu homem-herói!
O amor por eles é tão grande, tão enorme que chega a dar um nó na garganta só de pensar. Parece que mora dentro de mim uma grande bola de amor e toda vez que eu penso neles essa bola se enche e cada vez mais até que eu ligue ou olhe para eles e diga "amo vocês". Acho que estou num momento meio apaixonado por meus pais, apesar de ter medo de um monte de coisas, porque afinal, eu vou sempre ser a menininha deles.
(JANTAM COMIGO SÁBADO À NOITE???)
Minha mãe sempre foi minha única e grande melhor amiga, a única que eu nunca iria dizer, "não quero mais ser sua amiga", estamos unidas para sempre. Uma acolhendo a outra, ajudando e defendendo com unhas e dentes, passando por cima do que for preciso para saber que estamos bem. Minha parceira.
Meu pai é o meu herói. E foi muito difícil descobrir que o herói também é um homem, que ele também erra, que ele tem seus defeitos. Mas isso só nos tornou mais próximos, já que eu sempre fui a erradinha. Só assim pude quebrar o gelo do senhor incrível e me sentir cada vez mais a menininha dele. Meu homem-herói!
O amor por eles é tão grande, tão enorme que chega a dar um nó na garganta só de pensar. Parece que mora dentro de mim uma grande bola de amor e toda vez que eu penso neles essa bola se enche e cada vez mais até que eu ligue ou olhe para eles e diga "amo vocês". Acho que estou num momento meio apaixonado por meus pais, apesar de ter medo de um monte de coisas, porque afinal, eu vou sempre ser a menininha deles.
(JANTAM COMIGO SÁBADO À NOITE???)
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
Família
"Não fale muito, você está ofegante."
Jorge mal conseguia respirar, mas precisava dizer para o que tinha vindo antes que o pior acontecesse, mas Dona Marta achava um absurdo mandar um pequeno tão franzino correr assim de um lado para o outro sem dar descanso ou oferecer um copo d'água, como fazia a Vizinha.
Só que Jorge nunca ligou, já que a vizinha dizia que ele nascera cercado de merda, num chiqueiro, literalmente. Achava era bom correr de um lado para o outro, só assim tinha oportunidade de ver bem de pertinho as mais belas casas, além de conhecer as mais diversas personalidades, algumas muito legais, como Dona Marta, a quem ele devia seus estudos e presentes de aniversário e natal. E por isso tratava de fazer direitinho seu trabalho."Dona Marta, Seu Elmir não passa de hoje."
Ela não entendeu foi nada. Tinha estado com ele na tarde passada e tudo corria bem. Como Elmir poderia ter adoecido de uma hora para outra? O que seria dela sem seu Emlir?Que não era tão seu assim. O caso é que ela havia namorado Elmir no tempo da escola e o tal não era muito de compromisso, namorava Dona Marta (que não era Dona na época) e todas as outras meninas que o quisessem, inclusive a Vizinha. Essa, que sempre ouviu de todos que morreria sozinha, já que era muito chata e sem nenhuma prenda, tratou logo de embuchar. E Elmir, como nos costumes, teve que casar. Mas no fundo estava radiante com a ideia de jogar uma bola com um menino que parecesse com ele. Só que o filho sumiu, dizem que morreu no parto. E Elmir continuou não sendo muito de compromisso. Mas com o tempo foi ficando velho e sem disposição para dispistar a esposa de tantas amates e resolveu ficar apenas com a que mais lhe convinha, Dona Marta.
"Mas o que houve menino? O que ele tem?""Ele não tem nada Dona, quem tem é a mulher. Parece que tá tomada pelo Cão. De hoje ele não passa."
A Vizinha tinha descoberto tudo. Ela seguira os dois no último encontro e até pensou em pegá-los no flagra. Mas acho que assim seria mais dramático.
"Vamos menino! Não podemos deixar que nada aconteça."
Eles foram correndo para a casa da Vizinha e lá estava ela, ameaçando Elmir com objetos que voavam em direção a cabeça dele e por enquanto ele tinha conseguido desviar.
"Garoto fedido de uma figa! Você tem mesmo que avisar tudo o que se passa aqui nessa casa para Dona Marta?"
"Aviso porque gosto de Dona Marta e de Seu Elmir, a senhora nunca me deu nada, só me manda trabalhar."
"Eu te dei abrigo quando ninguém te quis, te tratei como se fosse o filho que eu não tive."
"Que filho que nada Vizinha! Você trata o menino como escravo."
"Ah! Sua biscate! Vem até a minha casa depois de trepar com o meu marido e ainda se acha no direito de alguma coisa?"
O alvo mudou. De repente os objetos começaram a ser lançados na direção de Dona Marta que não tinha a mesma habilidade para de desviar que Elmir então foi acertada por um cinzeiro que era, de certa forma, pesado e fez Dona Marta desmaiar.
Jorge ficou em choque, viu Dona Marta ali no chão e sentiu que era meio culpado. Mesmo não sendo. Mas o problema maior era que Dona Marta era como uma mãe para ele, ela sim o tratava como filho. Então, a raiva foi crescendo, ele pegou o vaso sobre a mesa e tacou bem na cabeça da Vizinha que caiu no chão com a cabeça sangrando. Jorge foi olhar e ela dizia alguma coisa que de longe não dava para entender, então ele se aproximou e descobrira que tinha acabado de matar sua mãe.
A Vizinha nunca sonhou ter um filho e sabia mesmo que não daria para mãe. Então depois que se casou inventou uma viagem e teve o filho longe. Mas um dia, a mãe que tinha arrajando para seu filho morreu, na verdade, muito antes do conveniente, e deixou o menino para ela cuidar. Mas como a Vizinha já havia contado a velha história da morte no parto jamais poderia dizer a verdade sobre Jorge ser o filho que fez Elmir casar com ela.
"Ai minha cabeça! O que aconteceu menino? Elmir, você está bem?"
Ele estava paralisado não sabia como agir, não sabia o que fazer. Só sabia que Jorge era seu filho e isso explicava porque ele gostava tanto do garoto.
"Dona Marta, me ajuda aqui. Preciso levar a Vizinha e jogar no rio."
Jorge estava decidido a esquecer o que tinha acontecido. Elmir logo de dispois a ajudar, afinal ele era seu filho.
Corpo jogado no rio, casa limpa.
Eles resolveram viver assim, juntos. Elmir, com o filho que queria ter, Jorge com a mãe que sempre sonhou e Dona Marta com o marido que sempre desejou.
"Vamos menino! Não podemos deixar que nada aconteça."
Eles foram correndo para a casa da Vizinha e lá estava ela, ameaçando Elmir com objetos que voavam em direção a cabeça dele e por enquanto ele tinha conseguido desviar.
"Garoto fedido de uma figa! Você tem mesmo que avisar tudo o que se passa aqui nessa casa para Dona Marta?"
"Aviso porque gosto de Dona Marta e de Seu Elmir, a senhora nunca me deu nada, só me manda trabalhar."
"Eu te dei abrigo quando ninguém te quis, te tratei como se fosse o filho que eu não tive."
"Que filho que nada Vizinha! Você trata o menino como escravo."
"Ah! Sua biscate! Vem até a minha casa depois de trepar com o meu marido e ainda se acha no direito de alguma coisa?"
O alvo mudou. De repente os objetos começaram a ser lançados na direção de Dona Marta que não tinha a mesma habilidade para de desviar que Elmir então foi acertada por um cinzeiro que era, de certa forma, pesado e fez Dona Marta desmaiar.
Jorge ficou em choque, viu Dona Marta ali no chão e sentiu que era meio culpado. Mesmo não sendo. Mas o problema maior era que Dona Marta era como uma mãe para ele, ela sim o tratava como filho. Então, a raiva foi crescendo, ele pegou o vaso sobre a mesa e tacou bem na cabeça da Vizinha que caiu no chão com a cabeça sangrando. Jorge foi olhar e ela dizia alguma coisa que de longe não dava para entender, então ele se aproximou e descobrira que tinha acabado de matar sua mãe.
A Vizinha nunca sonhou ter um filho e sabia mesmo que não daria para mãe. Então depois que se casou inventou uma viagem e teve o filho longe. Mas um dia, a mãe que tinha arrajando para seu filho morreu, na verdade, muito antes do conveniente, e deixou o menino para ela cuidar. Mas como a Vizinha já havia contado a velha história da morte no parto jamais poderia dizer a verdade sobre Jorge ser o filho que fez Elmir casar com ela.
"Ai minha cabeça! O que aconteceu menino? Elmir, você está bem?"
Ele estava paralisado não sabia como agir, não sabia o que fazer. Só sabia que Jorge era seu filho e isso explicava porque ele gostava tanto do garoto.
"Dona Marta, me ajuda aqui. Preciso levar a Vizinha e jogar no rio."
Jorge estava decidido a esquecer o que tinha acontecido. Elmir logo de dispois a ajudar, afinal ele era seu filho.
Corpo jogado no rio, casa limpa.
Eles resolveram viver assim, juntos. Elmir, com o filho que queria ter, Jorge com a mãe que sempre sonhou e Dona Marta com o marido que sempre desejou.
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
De vez em quando
(Essa é uma daquelas histórias que a gente lê em um livro e fica se imaginando no lugar. E talvez por isso goste tanto de ter escrito ela. Porque já que eu me imaginei primeiro, de alguma forma, eu me encaixo melhor nela. Mas fiquem à vontade para se imaginar. Eu jamais reprimiria isso! )
Maria aos doze anos não parecia nem um pouco ter essa idade e sabia muito bem. Ela gostava de fingir que era mais velha e quase sempre convencia. Mas dessa vez ela não fingiu, disse a verdade. Mas Felipe estava encantado pela menina dez anos mais nova que estava se exibindo na piscina do condomínio. A aproximação foi fácil. Ela era uma daquelas que esta sempre seduzindo, então, não perdia a chance de fazer uma amizade masculina.
Conversa vai, um mergulho, conversa vem, outro mergulho.
De repente Felipe não aguentou:
_ Me dá um beijo?
Ela ficou sem graça e saiu dizendo que precisava tomar banho para sair. Mas a verdade é que Maria não sabia lidar com isso. Afinal, ela só tinha doze anos.
Ela conversou com suas amigas, com sua mãe e resolveu que iria arriscar. Ele não era o cara dos sonhos, mas era bacana e a fazia rir.
Mais tarde se encontraram e simplesmente beijaram. O beijo foi legal, a noite foi legal. E bem, ela tinha se divertido. E era só isso. Ela até pensou se ele ligaria mas isso logo passou já que eram férias e ela queria mais era curtir.
Bem, ele ligou. E ela achou um saco! O que um velho ia querer com ela? O que eles tinham em comum? Chega! Ela não queria mais pensar.
As férias acabaram e eles se esbarraram na rua.
Foi meio constrangedor , meio sem graça, meio sem assunto.
Mas eles sempre se esbarravam e mantinham contato esporádico pelo mundo internético e Maria não perdia a oportunidade de seduzir mesmo sem querer, mesmo só por seduzir e as vezes mesmo porque queria, porque precisava encontrar com ele e dar um beijo para se sentir desejada.
E eles se encontravam as vezes para um papo, um beijo, muitos beijos. Com isso Maria foi tendo treze, quatorze, quinze e ele sempre de vez em quando era o cara que ela queria por perto.
Eles tiveram suas vidas paralelas a eles. Parecia que quando se viam estavam em outro lugar, em um lugar em que só existiam eles, onde não pensavam em mais nada, mas conversavam sobre tudo, com isso, eles foram se conhecendo e se descobrindo, de vez em quando.
Com o tempo, o de vez em quando virou quase nunca. Felipe se mudou e eles se viam quase sem tempo para eles. Mas sentiam saudades.
Um dia Felipe disse, assim como quem conta uma notícia comum, que voltou. Mas Maria parecia estar mais envolvida com o paralelo e não viu a importância que tinha essa notícia. Mesmo assim quis rever o antigo de vez em quando.
Ele estava diferente, ou era ela. A verdade é que os dois tinham mudado e nem se deram conta disso de primeira. Ela não tinha mais doze ou quinze anos e ele já estava bem cansado de toda história comum.
O beijo era diferente, a noite foi diferente.
Ela estava confusa. Há oito anos beijava um cara e agora seu coração estava pulando a cada beijo e cada troca de olhares. Maria explodia de vontade dele e deixou bem claro o que queria.
Felipe parecia conhecer cada pedacinho do corpo dela, cada toque parecia dar choque e cada beijo entorpecia. Ele a beijou inteira com um cuidado e uma vontade indescritível. Eles sentiram tudo ao mesmo tempo.
Ela então teve o melhor orgasmo da sua vida. Um turbilhão de sentimentos, uma vontade de chorar, gritar, abraçar, rir, sorrir, gargalhar. E depois o segundo melhor e depois o terceiro melhor e se eles tivessem ficado ali para sempre ela teria tido infinitos. E mesmo os momentos de explosão tendo sido tão perfeitos, eles pararam e se olharam em silêncio por alguns minutos e ali, de alguma forma, algo mudou para Maria.
Ela foi para casa pensando e sentindo que estava flutuando. Maria não sabia o que estava acontecendo com ela, ou sabia, e não queria admitir. Ninguém gosta de assumir que está apaixonado sabendo que não é correspondido. E de fato não era. Não a paixão.
Ela resolveu assumir, estava apaixonada. Mas isso nunca foi uma coisa ruim, afinal, ela acabara de descobrir como era sexo com paixão. Só sabia que não valia a pena correr atrás dele. Então, de vez em quando eles se encontram e ela sente tudo de novo, fica feliz e no resto do tempo continua vivendo o paralelo.
(Não quis que tivesse um fim. Assim a gente pode se colocar na história só de passagem e sair dela como se nada tivesse acontecido.)
Maria aos doze anos não parecia nem um pouco ter essa idade e sabia muito bem. Ela gostava de fingir que era mais velha e quase sempre convencia. Mas dessa vez ela não fingiu, disse a verdade. Mas Felipe estava encantado pela menina dez anos mais nova que estava se exibindo na piscina do condomínio. A aproximação foi fácil. Ela era uma daquelas que esta sempre seduzindo, então, não perdia a chance de fazer uma amizade masculina.
Conversa vai, um mergulho, conversa vem, outro mergulho.
De repente Felipe não aguentou:
_ Me dá um beijo?
Ela ficou sem graça e saiu dizendo que precisava tomar banho para sair. Mas a verdade é que Maria não sabia lidar com isso. Afinal, ela só tinha doze anos.
Ela conversou com suas amigas, com sua mãe e resolveu que iria arriscar. Ele não era o cara dos sonhos, mas era bacana e a fazia rir.
Mais tarde se encontraram e simplesmente beijaram. O beijo foi legal, a noite foi legal. E bem, ela tinha se divertido. E era só isso. Ela até pensou se ele ligaria mas isso logo passou já que eram férias e ela queria mais era curtir.
Bem, ele ligou. E ela achou um saco! O que um velho ia querer com ela? O que eles tinham em comum? Chega! Ela não queria mais pensar.
As férias acabaram e eles se esbarraram na rua.
Foi meio constrangedor , meio sem graça, meio sem assunto.
Mas eles sempre se esbarravam e mantinham contato esporádico pelo mundo internético e Maria não perdia a oportunidade de seduzir mesmo sem querer, mesmo só por seduzir e as vezes mesmo porque queria, porque precisava encontrar com ele e dar um beijo para se sentir desejada.
E eles se encontravam as vezes para um papo, um beijo, muitos beijos. Com isso Maria foi tendo treze, quatorze, quinze e ele sempre de vez em quando era o cara que ela queria por perto.
Eles tiveram suas vidas paralelas a eles. Parecia que quando se viam estavam em outro lugar, em um lugar em que só existiam eles, onde não pensavam em mais nada, mas conversavam sobre tudo, com isso, eles foram se conhecendo e se descobrindo, de vez em quando.
Com o tempo, o de vez em quando virou quase nunca. Felipe se mudou e eles se viam quase sem tempo para eles. Mas sentiam saudades.
Um dia Felipe disse, assim como quem conta uma notícia comum, que voltou. Mas Maria parecia estar mais envolvida com o paralelo e não viu a importância que tinha essa notícia. Mesmo assim quis rever o antigo de vez em quando.
Ele estava diferente, ou era ela. A verdade é que os dois tinham mudado e nem se deram conta disso de primeira. Ela não tinha mais doze ou quinze anos e ele já estava bem cansado de toda história comum.
O beijo era diferente, a noite foi diferente.
Ela estava confusa. Há oito anos beijava um cara e agora seu coração estava pulando a cada beijo e cada troca de olhares. Maria explodia de vontade dele e deixou bem claro o que queria.
Felipe parecia conhecer cada pedacinho do corpo dela, cada toque parecia dar choque e cada beijo entorpecia. Ele a beijou inteira com um cuidado e uma vontade indescritível. Eles sentiram tudo ao mesmo tempo.
Ela então teve o melhor orgasmo da sua vida. Um turbilhão de sentimentos, uma vontade de chorar, gritar, abraçar, rir, sorrir, gargalhar. E depois o segundo melhor e depois o terceiro melhor e se eles tivessem ficado ali para sempre ela teria tido infinitos. E mesmo os momentos de explosão tendo sido tão perfeitos, eles pararam e se olharam em silêncio por alguns minutos e ali, de alguma forma, algo mudou para Maria.
Ela foi para casa pensando e sentindo que estava flutuando. Maria não sabia o que estava acontecendo com ela, ou sabia, e não queria admitir. Ninguém gosta de assumir que está apaixonado sabendo que não é correspondido. E de fato não era. Não a paixão.
Ela resolveu assumir, estava apaixonada. Mas isso nunca foi uma coisa ruim, afinal, ela acabara de descobrir como era sexo com paixão. Só sabia que não valia a pena correr atrás dele. Então, de vez em quando eles se encontram e ela sente tudo de novo, fica feliz e no resto do tempo continua vivendo o paralelo.
(Não quis que tivesse um fim. Assim a gente pode se colocar na história só de passagem e sair dela como se nada tivesse acontecido.)
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Dízima periódica
Seus braços doíam, suas pernas não aguentavam mais o peso de um dia de trabalho e sua cabeça não suportava as novas informações que o mundo lhe mostrava todos os dias.
Ele estava pirando!
Mas como podia ser isso? Ele era um professor de matemática respeitado. Um mestre na arte dos números. O melhor na área. Como ia explicar o fato de que estava pirando? Que simplesmente não queria mais saber de números, alunos, colégios...?
Tudo a sua volta lhe irritava. Até a sua antiga máquina de tirar retratos que sempre foi sua companheira de tantos momentos de dor e frustração estava, naquele momento, lhe tirando do sério.
Não havia saída. Ele já não pensava. Não tinha escapatória. Ele babava apenas com a idéia de beber uma caipirinha. Não fazia mais sentido. Ele teria que entregar sua ficha de dez anos sem uma gota de álcool e se afundar de uma vez.
Era realmente uma pena deixar os filhos, a mulher (bela mulher!). Eles tinham prometido que partiriam se o pegassem bebendo mais uma vez. Mas ele já tinha se decidido. Não queria ser tachado como pirado. Definitivamente bêbado combinava mais com ele.
Foi em uma terça-feira, por volta das quatro. Ele saiu da escola, antes de dar os últimos tempos e estava seco. Seus olhos gritavam por cachaça. Ele nem se sentou e pediu "uma branquinha". O baixinho atrás do balcão se assustou, já que conhecia o camarada não era do dia. Mas dinheiro é dinheiro! Ele bebeu quase uma garrafa e nunca mais se soube do tal.
Ele estava pirando!
Mas como podia ser isso? Ele era um professor de matemática respeitado. Um mestre na arte dos números. O melhor na área. Como ia explicar o fato de que estava pirando? Que simplesmente não queria mais saber de números, alunos, colégios...?
Tudo a sua volta lhe irritava. Até a sua antiga máquina de tirar retratos que sempre foi sua companheira de tantos momentos de dor e frustração estava, naquele momento, lhe tirando do sério.
Não havia saída. Ele já não pensava. Não tinha escapatória. Ele babava apenas com a idéia de beber uma caipirinha. Não fazia mais sentido. Ele teria que entregar sua ficha de dez anos sem uma gota de álcool e se afundar de uma vez.
Era realmente uma pena deixar os filhos, a mulher (bela mulher!). Eles tinham prometido que partiriam se o pegassem bebendo mais uma vez. Mas ele já tinha se decidido. Não queria ser tachado como pirado. Definitivamente bêbado combinava mais com ele.
Foi em uma terça-feira, por volta das quatro. Ele saiu da escola, antes de dar os últimos tempos e estava seco. Seus olhos gritavam por cachaça. Ele nem se sentou e pediu "uma branquinha". O baixinho atrás do balcão se assustou, já que conhecia o camarada não era do dia. Mas dinheiro é dinheiro! Ele bebeu quase uma garrafa e nunca mais se soube do tal.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Ansiedade
Para o relógio, segundos
Para a respiração, ofegante
Para música, sustenido
Para beber, um shot
Ansiedade: sensação de receio e de apreensão, sem caus evidente, e a que se agregam fenômenos somáticos como taquicardia e sudorese.
Numa noite de sono, insônia
Numa aula de matemática, véspera de feriado
Numa conversa, infinitas explicações
Numa fila de banheiro, barulho de descarga
Ansiedade : Angústia, impaciência, sofreguidão. Estado psíquico acompanhado de excitação ou de inibição, que comporta uma sensação de constrição da garganta.
Para sensação, sede
Para sofrer, espera
Para o atraso, engarrafamento
Para saudade, um dia
Para a respiração, ofegante
Para música, sustenido
Para beber, um shot
Ansiedade: sensação de receio e de apreensão, sem caus evidente, e a que se agregam fenômenos somáticos como taquicardia e sudorese.
Numa noite de sono, insônia
Numa aula de matemática, véspera de feriado
Numa conversa, infinitas explicações
Numa fila de banheiro, barulho de descarga
Ansiedade : Angústia, impaciência, sofreguidão. Estado psíquico acompanhado de excitação ou de inibição, que comporta uma sensação de constrição da garganta.
Para sensação, sede
Para sofrer, espera
Para o atraso, engarrafamento
Para saudade, um dia
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Seis andares
Um cenário de tirar o fôlego. Um boné e a sensação de sonho. Lentes de contato e uma vontade de tirar. Eles se olharam.
Do pequeno sorriso surgiu uma conversa. Da conversa, outros tantos sorrisos e de repente Rafael não controlava mais seus lábios e sorria por tudo.
Quando chegou em casa sentiu um aperto no peito e seus pensamentos pareciam um velho álbum, onde só haviam retratos de Maria.
Maria sorriu e esqueceu. As provas pareciam não deixá-la mais pensar ou lembrar dos quase sessenta minutos que fizeram seus olhos novamente brilhar. Olhos esses que a um tempo refletiam apenas páginas de livros e brilhavam por gotas angustiadas de lágrimas.
O reencontro se deu da forma mais torta possível: Rafael entregando pizza e Maria voltando do curso de Francês.
Ele quis enfiar a cara na pizza, ela apenas ter mãos livres para ajeitar seu cabelo.
_Você mora aqui?_ Rafael completamente sem saber o que dizer.
_Pois então, eu não disse que morava nessa rua?! _ Maria olhava no espelho do elevador sua imagem descabelada.
_Como se essa rua fosse pequena. _respondeu pensando se não tinha nada mais idiota para dizer.
Maria riu e achou melhor não falar muito porque sabia que o risco de falar alguma besteira era grande. Mas o silêncio de um ou dois andares pareceu uma eternidade e ela resolveu arriscar.
_Pizza de quê?
_Presunto, eu acho.
_Minha preferida. _ Ela nem gostava tanto assim de presunto, mas saiu quase sem querer.
6º Andar
_Bem, é aqui que eu fico. _Ela sorriu ao empurrar a porta com as costas. Rafael queria ter sido cavalheiro, segurando a porta para ela sair, mas parecia não sentir seu corpo, então, apenas sorriu.
_Tchau. _ Maria disse deixando a porta fechar. Mas antes que o elevador fosse embora ela teve uma viagem de pensamentos e percebeu que a tempos não pensava em si mesma. Largou os livros no chão, puxou a porta e disse:
_ 609. E antes que Rafael pudesse falar, fechou a porta e deixou o elevador subir com um sentimento de que havia feito a sua parte.
Do pequeno sorriso surgiu uma conversa. Da conversa, outros tantos sorrisos e de repente Rafael não controlava mais seus lábios e sorria por tudo.
Quando chegou em casa sentiu um aperto no peito e seus pensamentos pareciam um velho álbum, onde só haviam retratos de Maria.
Maria sorriu e esqueceu. As provas pareciam não deixá-la mais pensar ou lembrar dos quase sessenta minutos que fizeram seus olhos novamente brilhar. Olhos esses que a um tempo refletiam apenas páginas de livros e brilhavam por gotas angustiadas de lágrimas.
O reencontro se deu da forma mais torta possível: Rafael entregando pizza e Maria voltando do curso de Francês.
Ele quis enfiar a cara na pizza, ela apenas ter mãos livres para ajeitar seu cabelo.
_Você mora aqui?_ Rafael completamente sem saber o que dizer.
_Pois então, eu não disse que morava nessa rua?! _ Maria olhava no espelho do elevador sua imagem descabelada.
_Como se essa rua fosse pequena. _respondeu pensando se não tinha nada mais idiota para dizer.
Maria riu e achou melhor não falar muito porque sabia que o risco de falar alguma besteira era grande. Mas o silêncio de um ou dois andares pareceu uma eternidade e ela resolveu arriscar.
_Pizza de quê?
_Presunto, eu acho.
_Minha preferida. _ Ela nem gostava tanto assim de presunto, mas saiu quase sem querer.
6º Andar
_Bem, é aqui que eu fico. _Ela sorriu ao empurrar a porta com as costas. Rafael queria ter sido cavalheiro, segurando a porta para ela sair, mas parecia não sentir seu corpo, então, apenas sorriu.
_Tchau. _ Maria disse deixando a porta fechar. Mas antes que o elevador fosse embora ela teve uma viagem de pensamentos e percebeu que a tempos não pensava em si mesma. Largou os livros no chão, puxou a porta e disse:
_ 609. E antes que Rafael pudesse falar, fechou a porta e deixou o elevador subir com um sentimento de que havia feito a sua parte.
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