Um cenário de tirar o fôlego. Um boné e a sensação de sonho. Lentes de contato e uma vontade de tirar. Eles se olharam.
Do pequeno sorriso surgiu uma conversa. Da conversa, outros tantos sorrisos e de repente Rafael não controlava mais seus lábios e sorria por tudo.
Quando chegou em casa sentiu um aperto no peito e seus pensamentos pareciam um velho álbum, onde só haviam retratos de Maria.
Maria sorriu e esqueceu. As provas pareciam não deixá-la mais pensar ou lembrar dos quase sessenta minutos que fizeram seus olhos novamente brilhar. Olhos esses que a um tempo refletiam apenas páginas de livros e brilhavam por gotas angustiadas de lágrimas.
O reencontro se deu da forma mais torta possível: Rafael entregando pizza e Maria voltando do curso de Francês.
Ele quis enfiar a cara na pizza, ela apenas ter mãos livres para ajeitar seu cabelo.
_Você mora aqui?_ Rafael completamente sem saber o que dizer.
_Pois então, eu não disse que morava nessa rua?! _ Maria olhava no espelho do elevador sua imagem descabelada.
_Como se essa rua fosse pequena. _respondeu pensando se não tinha nada mais idiota para dizer.
Maria riu e achou melhor não falar muito porque sabia que o risco de falar alguma besteira era grande. Mas o silêncio de um ou dois andares pareceu uma eternidade e ela resolveu arriscar.
_Pizza de quê?
_Presunto, eu acho.
_Minha preferida. _ Ela nem gostava tanto assim de presunto, mas saiu quase sem querer.
6º Andar
_Bem, é aqui que eu fico. _Ela sorriu ao empurrar a porta com as costas. Rafael queria ter sido cavalheiro, segurando a porta para ela sair, mas parecia não sentir seu corpo, então, apenas sorriu.
_Tchau. _ Maria disse deixando a porta fechar. Mas antes que o elevador fosse embora ela teve uma viagem de pensamentos e percebeu que a tempos não pensava em si mesma. Largou os livros no chão, puxou a porta e disse:
_ 609. E antes que Rafael pudesse falar, fechou a porta e deixou o elevador subir com um sentimento de que havia feito a sua parte.
quarta-feira, 29 de abril de 2009
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